Moacir Gadotti
Em janeiro de 2001, realizou-se, em Porto Alegre, a primeira edição do Fórum Social Mundial, “por um outro mundo possível”. Durante as poucas, e talvez por isso mesmo, muito concorridas atividades desenvolvidas naquele evento, no campo da educação, os presentes decidiram criar um espaço de debate com o nome de Fórum Mundial de Educação (FME). A Prefeitura de Porto Alegre assumiu a responsabilidade de organizá-lo.
A primeira edição do FME, em outubro de 2001, elegeu como temática central “Educação no mundo globalizado” e, a segunda, em janeiro de 2003, “Educação e transformação”.
O Fórum Mundial de Educação aprovou, em Porto Alegre, duas Cartas em defesa da educação libertadora, popular e cidadã. Além disso, propôs a construção coletiva de uma Plataforma Mundial de Educação e a descentralização dos eventos em fóruns temáticos, regionais e nacionais. Hoje, o FME constitui-se num grande movimento mundial pela cidadania planetária, em defesa do direito universal à educação. Para um “outro mundo possível”, uma outra educação é necessária.
O neoliberalismo concebe a educação como uma mercadoria, reduzindo nossas identidades às de meros consumidores, desprezando o espaço público e a dimensão humanista da educação. Opondo-se a esta perspectiva, o FME defende uma concepção emancipadora da educação que respeita e convive com a diferença, promovendo a intertransculturalidade.
O Fórum Mundial de Educação, na mesma perspectiva do Fórum Social Mundial, sustenta-se em dois pilares básicos: a construção de uma alternativa ao projeto neoliberal e o pluralismo de idéias, métodos e concepções. É um espaço plural, não confessional, não-governamental e não partidário, auto-gestionado, verdadeiramente mundial.
São Paulo celebrará seus 450 anos neste ano com um grande Fórum Mundial da Educação Temático, de 1 a 4 de abril, no Anhembi, com o tema: “Educação cidadã para uma cidade educadora”, convergindo para a terceira edição do FME de Porto Alegre, de 28 a 31 de julho de 2004, com o tema: “A educação para um outro mundo possível: construindo uma plataforma de lutas”. 2004 será um ano importante na luta pelo direito à educação.