Desde abril de 2006 educadores, estudantes, entidades sindicais, movimentos sociais, governos, organizações não governamentais, universidades e escolas, todos comprometidos com a defesa da educação pública como direito social e inalienável, uniram-se para organizar o Fórum Mundial de Educação Alto Tietê. Desta forma, onze municípios aceitaram o desafio de juntos construírem o Fórum Mundial de Educação. Nesta ação coletiva, a diversidade tornou-se a identidade da construção, pois a riqueza cultural, política e educacional dos municípios de Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano foi a maior protagonista desse processo educativo, dando origem ao tema Educação: Protagonismo na Diversidade. O resultado dessa rede de movimentos vem re-afirmar os cinco pontos de Nairobi (FME 2007), sendo a educação como direito social e humano e a luta em defesa de sua universalização por meio de políticas públicas capazes de garantir sua concretização em oposição à ideologia de mercado. A diversidade compreendida como educação igualitária que respeita e convive com o diferente. E a sustentabilidade concebida em seu caráter global planetário e do gênero humano, com acesso a riqueza produzida socialmente, de modo especial aos excluídos e marginalizados.
A partir das idéias e sínteses apresentadas neste FME Alto Tietê, os participantes apontam e assumem as seguintes propostas como metas (ou utopias) a serem buscadas e defendidas por todos e todas:
- Educar para a sustentabilidade do planeta, tendo a união dos direitos humanos associados aos princípios da Carta da Terra como ponto de qualquer ação educativa, administrativa e/ou política;
- Valorizar os profissionais da educação nos diversos cenários ao mesmo tempo em que os mesmos assumam seus papéis com mudanças concretas de posturas. Reafirmamos as diferentes práticas educativas como ações protagonistas que constroem a formação humana e filosófica da sociedade.
- Efetivar direitos nas políticas públicas educativas para o acesso e a permanência na escola com qualidade social como direito inalienável de qualquer cidadão garantido pelo Estado. Concretizar tais direitos não é só um dever do Estado, mas uma luta de cada pessoa de todos os cantos do Planeta.
- Fortalecer a responsabilidade social na educação contemporânea buscando superar o desafio ético de unir os diversos setores como empresas, órgãos públicos e sociedade na construção do Estado democrático, bem como da liberdade de pensamento, crítica e criatividade.
- E ainda, tornamos-nos solidários à África na sua busca de superar os desafios econômicos, sociais, políticos e ambientais.
Portanto, o Fórum Mundial de Educação Alto Tietê conclama que haja espaço para as diferenças, que seja respeitado o direito da criança pela educação da infância, que todos os segmentos da educação e sociedade participem das parcerias entre movimentos sociais e as instituições educativas. Defende o direito a suspeita e à dúvida contra os movimentos de dominação, a ética na luta contra a corrupção, a cidadania cosmopolita e planetária que articula o global e o local e o amor enquanto sentimento essencial para a vida a para a esperança.
Carta do Fórum Mundial de Educação Infanto-Juvenil
O Fórum Infanto-Juvenil merece um destaque principal, pois por meio dele notou-se que tão importante quanto o educador é a criança. Os alunos participaram do FME ALTO TIETÊ com o mesmo projeto abordado pelos educadores e profissionais do Fórum Mundial de Educação. As crianças e jovens tiveram vez e voz e as atividades foram direcionadas para despertar-lhes os sentidos, as emoções e a busca pelo aprendizado. E isto realmente aconteceu nesses três dias. Entre a programação havia atividades lúdicas, peças teatrais, apresentações de projetos, oficinas e autogestionadas. Os professores e os alunos inteiraram-se num movimento de solidariedade e troca de saberes imenso. Com isso, o objetivo do Fórum foi alcançado: uma escola em que há atividades estimulantes e participação de todos no processo de construção do conhecimento. Espera-se agora que todas as escolas do Brasil tenham essa visão inovadora. A participação de Organizações não Governamentais colaborou para um evento mais rico e diversificado. Deseja-se que esta atuação alcance mais intensamente o cotidiano escolar para que se crie uma rede de relacionamento e ajuda mútua. Por fim, a relação entre os profissionais da educação, os alunos e suas famílias foi a chave para a coletividade que se vivenciou durante o Fórum. O que se espera é que esta relação de carinho, de compreensão e principalmente de dedicação às atividades educativas perpetue-se após o fechamento desta edição do Fórum, para que daqui por diante possa compartilhar esta experiência e assim mudar a atual situação da educação mundial.
Comissão do Fórum Mundial de Educação Infanto-Juvenil